sábado, 23 de junho de 2012

NEM TODOS OS POEMAS SE EDITAM, de Walter Cabral de Moura




Nem todos os poemas se editam :
alguns não servem pra nada
além da distração do autor.
Foram simples tentativas
sumirão sem ser notados
sementes que não vingaram
ovas que não germinaram.
Não terão fortuna crítica
nem aplauso e nem vaia
enfim, re nulla, não mais.

E quanto aos que se publicam :
por que haveriam de ter  
serventia que não fosse
a sua só existência ?


Os poemas são assim : 
bastam-se a si, nada mais  
o que não é pouca coisa  
no mundo em que, aliás  
tanta inutilidade  
bem polida e embalada  
passa por ser necessária.  




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Transcrito do livro 
É LENTA A PALAVRA TEMPO,   
de Walter Cabral de Moura
- Editora Babecco, Olinda, 2012. 
http://www.babecco.com 

sábado, 2 de junho de 2012

SEJA POESIA SIM MAS DIGA NÃO, de Souza Lopes




não é a língua
em que se fala poesia e se pratica
o exercício do versa e da vida
e se diga poesia ao contrário;
                              traço por traço
se recorte e se componha o novo abecedário
e poesia se plante no escuro
(a palavra semente e seu lento
germinar ao pé do muro)
seja uivo e fúria e fala e ferida
e poesia só se viva como vida.  



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SOUZA LOPES  - Nasceu no Recife (PE) e viveu 
em São Paulo e na Bahia.  Faleceu em maio deste ano. 
Irmão do artista plástico Marciano Lírio (já falecido), 
sobre quem publicou um livro-homenagem de poesia 
intitulado Todo Fogo (edição do autor, São Paulo,SP), 
e da poetisa Lea Tereza Lopes, que vive em Embu,
município da Região Metropolitana da Grande
 São Paulo.  

terça-feira, 29 de maio de 2012

LEA TEREZA : "Poesia é sabedoria para viver'





     "A gente sempre pode melhorar o que já é naturalmente bom.  Poetas, leiam mais poemas dos outros poetas. POESIA deveria ser sabedoria para viver, e não para sofrer, morrer, se foder poeticamente..."
(Via FACEBOOK)

segunda-feira, 21 de maio de 2012

CHAMADA, de Solano Trindade





Poetas despertai enquanto é tempo
antes que a poesia do mundo
vá-se embora
antes que caia sobre o homem
um peso insuportável 

Vinde correndo
cantar o vosso canto de Amor 
para que as crianças 
não sucumbam 

Vinde com a vossa poesia 
socorrer as mulheres
para que elas não caiam em desespero

Vinde poetas 
pois vós
conheceis o segredo da vida...


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Transcrito do livro TEM GENTE COM FOME
E OUTROS POEMAS - Antologia Poética,
de Solano Trindade -  
 Departamento Geral de Imprensa Oficial (G/DGIO)/
Secretaria Municipal de Governo /
Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro (RJ), 1988.

terça-feira, 17 de abril de 2012

FERREIRA GULLAR : "A POESIA NASCE DO ESPANTO"




     "A poesia, como eu sempre disse, nasce do espanto. Não é como uma das crônicas que eu escrevo para jornais, quando eu escolho sobre o que quero falar. No poema eu não decido o que escrevo. Eu nem sequer decido escrever."

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     "É a súbita indagação que faz com que, de repente, algo não pareça estar explicado.  Até porque o mundo só está explicado para quem o olha nas suas aparências."

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     "Não acho fácil ou difícil escrever.  Escrever por anos e anos me deu um certo domínio da escrita, mas, sem o tema, sem o espanto, não adianta de nada saber.  Não posso escrever sobre o vazio.  Saber escrever, ter o domínio,  é necessário mas não é suficiente."   

 (FERREIRA GULLAR)


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Transcrito da reportagem Poesia que nasce do espanto
- de Diogo Guedes
(Caderno C / Jornal do Commercio,
Recife, PE, 12 de fevereiro de 2012)

sábado, 14 de abril de 2012

DISCURSO (fragmento), de Dimas Macedo




O poema é um rio que corre
e represa na nuvem
e despenca e se estraçalha
quando afunda no solo. 

Inútil remover a tragédia da vida 
quando ela se incrusta
do lado esquerdo do peito.
Do lado direito estão 
os resíduos do ócio e do tédio. 
No coração as espadas da angústia. 
Nas mãos a intranquilidade 
que se nutre de ânsias prematuras.  

Ah, o poema, a pátria,
a pérfida imperfeição que alucina.
A náusea. O tórax. A aurora.
O livro que repousa torto no teto,
aberto entre estacas de sol. 


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Transcrito da antologia
A POESIA CEARENSE NO SÉCULO XX
- Organização de Assis Brasil.
Imago Editora / FCF - Fundação Cultural de Fortaleza, 
Rio, RJ / Fortaleza, CE, 1996  

sábado, 17 de março de 2012

POESIA NO CORAÇÃO





     Você nem sabe mais como declamar uma poesia ? É bom voltar a se lembrar.  Um estudo feito por pesquisadores suiços e alemães mostrou que recitar um poema diminui o estresse e acalma o coração.  Os cientistas fizeram testes em voluntários orientados a declamar poesia e a conversar normalmente durante um período de tempo. Eles verificaram que, quando as pessoas recitavam os poemas, a frequência respiratória e os batimentos cardíacos diminuíam harmoniosamente, demonstrando que o nível de estresse havia caído."


(Transcrito da página "Viver Bem", Revista IstoÉ, outubro, 2002)