domingo, 30 de dezembro de 2012

Maria de Lourdes Hortas : "A alma do poeta"




MALA


Espécie de mala 
a alma do poeta
porão onde se guarda 
tudo o que serve
para a poesia :
cartas por enviar 
labirintos de intenções 
partituras inacabadas 
vertigens inominadas 
catedrais de silêncio
mapas indecifrados 
medos, lápides 
eclipses, horizontes 
icebergues, vulcões 
sonatas de chuva 
retratos em sépia 
arquivo de auroras 
e crepúsculos 
maravilha de instantes 
tempo avulso 
que se escoa e nos leva 
na voragem da ciranda. 


O que guardo na alma 
abro na poesia  :
nela interrogo a vida 
dia após dia. 


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Transcrito do livro RUMOR DE VENTO,
de Maria de Lourdes Hortas 
- Panamerica Nordestal Editora, Recife, PE, 2009

terça-feira, 13 de novembro de 2012

A PALAVRA MAIS HUMANA DOS POETAS, de Juareiz Correya






Os poetas não são santos
e não fazem milagres em suas cidades. 
Escrevem porque não sabem fazer outra coisa
fabricar um navio um avião 
plantar uma árvore 
parir um filho
escrevem porque é necessário para as suas vidas
e para ninguém mais 
e sem escrever os poetas  não respiram 
- um bocado de barro que não anda 
um animal que não sonha e não procria. 
Os poetas escrevem
porque os homens precisam das suas palavras 
e são tão necessitados de poesia
(como o sopro inicial da criação)
que não sabem sequer pronunciar seu nome. 
Assim os homens e as mulheres e as cidades 
não sabem quem são os poetas quando eles nascem
e passarão todos os séculos para que saibam um dia 
que a poesia nasceu
quando a humanidade nascia. 


(Santo Amaro, Recife /  
14 de novembro  2012)
 

domingo, 11 de novembro de 2012

O POETA É BELO, de Mário Quintana





O poeta é belo como o Taj-Mahal 
feito de renda e mármore e serenidade 


O poeta é belo como o perfil de uma árvore 
ao primeiro relâmpago da tempestade  


O poeta é belo porque os seus farrapos 
são do tecido da eternidade    



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Transcrito do Blog VERSUSDIVERSUS
- http://versusdiversus.blogspot.com.br


 

sábado, 29 de setembro de 2012

DEFINIÇÕES DE POESIA : Federico Garcia Lorca, Pedro Salinas, Nicanor Parra, Gabriel Celaya, Octavio Paz, Luis Garcia Montero





Federico Garcia Lorca
(Espanha / 1898 - 1936)

"A poesia é a união de duas palavras que ninguém poderia supor que se juntariam, e que formam algo como um mistério."


Pedro Salinas 
(Espanha / 1891-1951)

"A poesia é uma aventura ao absoluto."


Nicanor Parra 
(Chile / 1914)

"Contra a poesia das nuvens, opomos a poesia da terra firme, cabeça fria, coração quente."


Gabriel Celaya
(Espanha / 1911/1991)

"A poesia é uma arma carregada com o futuro."


Octavio Paz
(México / 1914-1998)

"Erotismo e poesia : o primeiro é uma metáfora da sexualidade, a segunda, uma erotização da linguagem."


Luis Garcia Montero
((Espanha / 1958)

"A poesia é um ajuste de contas com a realidade."



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Transcrito do texto
20 DEFINIÇÕES DE POESIA POR GRANDES POETAS
http://universia.com.br

domingo, 12 de agosto de 2012

DEFINIÇÕES DE POESIA : Oswald de Andrade, Fernando Pessoa, Miguel de Cervantes e Pablo Neruda




OWALD DE ANDRADE
(Brasil / 1890 - 1954)

"Aprendi com meu filho de 10 anos que poesia é o descobrimento das coisas que nunca vira antes."


FERNANDO PESSOA
(Portugal / 1888 - 1935)

"Ser poeta não é uma ambição minha. É a minha maneira de estar só."



MIGUEL DE CERVANTES SAAVEDRA 
(Espanha / 1547 - 1606)

"O ano que é farto em poesia costuma ser o mesmo em fome."



PABLO NERUDA 
(Chile / 1904 -  1973)

"A história tem provado a capacidade demolidora da poesia e nela me amparo sem mais nem menos."



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Do texto "20 DEFINIÇÕES DE POESIA POR GRANDES POETAS"
- http://noticias.universia.com.br/


domingo, 29 de julho de 2012

DEFINIÇÕES DE POESIA : Robert Frost, René Char, Milan Kundera, José Martí




ROBERT FROST 
(Estados Unidos / 1874-1963)

"Escrever um poema é descobrir."



RENÉ CHAR
(França / 1907-1988)

"A poesia é o amor realizado do desejo que permanece desejo."



MILAN KUNDERA 
(Checoslováquia / 1929)

"Escrevo pelo prazer de contradizer e pela felicidade de estar só contra todos."



JOSÉ MARTÍ
(Cuba / 1853-1895)

"Um grão de poesia é suficiente para perfumar um século."   



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Transcrito do site UNIVERSIA
(http://www.universia.com.br)



quarta-feira, 11 de julho de 2012

ADONIS (Ali Ahmad Said Esber) : "A poesia exige que o leitor se transforme, como o poeta, em um criador"




"A poesia não pode mudar a sociedade, só pode alterar a noção de relação entre as coisas. A cultura não pode ser melhorada sem uma mudança nas instituições.  A poesia é como o amor, que constantemente renova os sentimentos do povo, revigora e abre horizontes para a beleza da vida. E isso não acontece apenas no nível individual, pois um poema torna-se essencial quando a ciência ou a filosofia não oferece respostas para o mistério da vida."

"A poesia requer um esforço real porque exige que o leitor se transforme, como o poeta, em um criador."

"Um criador precisa sempre estar próximo do que é revolucionário, mas nunca agir como um revolucionário.  Ele não pode falar a mesma língua e tampouco trabalhar no mesmo ambiente político."

"Vivo em eterna criação. Enquanto converso com você, algo vai acontecendo no lado criativo da minha mente, que não pára, trabalha incessantemente.  O mesmo aconteceu enquanto tomava meu café da manhã e deverá de repetir quando eu encontrar meus leitores em Paraty.  A vida é uma constante troca de ideias."



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Transcrito da reportagem "Voz poética contra a submissão",
de Ubiratan Brasil (Agência Estado).
- JORNAL DO COMMERCIO / Caderno C,
pag. 6, Recife, PE, 4/julho/2012
- http://www.jconline.com.br/cultura

sábado, 23 de junho de 2012

NEM TODOS OS POEMAS SE EDITAM, de Walter Cabral de Moura




Nem todos os poemas se editam :
alguns não servem pra nada
além da distração do autor.
Foram simples tentativas
sumirão sem ser notados
sementes que não vingaram
ovas que não germinaram.
Não terão fortuna crítica
nem aplauso e nem vaia
enfim, re nulla, não mais.

E quanto aos que se publicam :
por que haveriam de ter  
serventia que não fosse
a sua só existência ?


Os poemas são assim : 
bastam-se a si, nada mais  
o que não é pouca coisa  
no mundo em que, aliás  
tanta inutilidade  
bem polida e embalada  
passa por ser necessária.  




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Transcrito do livro 
É LENTA A PALAVRA TEMPO,   
de Walter Cabral de Moura
- Editora Babecco, Olinda, 2012. 
http://www.babecco.com 

sábado, 2 de junho de 2012

SEJA POESIA SIM MAS DIGA NÃO, de Souza Lopes




não é a língua
em que se fala poesia e se pratica
o exercício do versa e da vida
e se diga poesia ao contrário;
                              traço por traço
se recorte e se componha o novo abecedário
e poesia se plante no escuro
(a palavra semente e seu lento
germinar ao pé do muro)
seja uivo e fúria e fala e ferida
e poesia só se viva como vida.  



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SOUZA LOPES  - Nasceu no Recife (PE) e viveu 
em São Paulo e na Bahia.  Faleceu em maio deste ano. 
Irmão do artista plástico Marciano Lírio (já falecido), 
sobre quem publicou um livro-homenagem de poesia 
intitulado Todo Fogo (edição do autor, São Paulo,SP), 
e da poetisa Lea Tereza Lopes, que vive em Embu,
município da Região Metropolitana da Grande
 São Paulo.  

terça-feira, 29 de maio de 2012

LEA TEREZA : "Poesia é sabedoria para viver'





     "A gente sempre pode melhorar o que já é naturalmente bom.  Poetas, leiam mais poemas dos outros poetas. POESIA deveria ser sabedoria para viver, e não para sofrer, morrer, se foder poeticamente..."
(Via FACEBOOK)

segunda-feira, 21 de maio de 2012

CHAMADA, de Solano Trindade





Poetas despertai enquanto é tempo
antes que a poesia do mundo
vá-se embora
antes que caia sobre o homem
um peso insuportável 

Vinde correndo
cantar o vosso canto de Amor 
para que as crianças 
não sucumbam 

Vinde com a vossa poesia 
socorrer as mulheres
para que elas não caiam em desespero

Vinde poetas 
pois vós
conheceis o segredo da vida...


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Transcrito do livro TEM GENTE COM FOME
E OUTROS POEMAS - Antologia Poética,
de Solano Trindade -  
 Departamento Geral de Imprensa Oficial (G/DGIO)/
Secretaria Municipal de Governo /
Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro (RJ), 1988.

terça-feira, 17 de abril de 2012

FERREIRA GULLAR : "A POESIA NASCE DO ESPANTO"




     "A poesia, como eu sempre disse, nasce do espanto. Não é como uma das crônicas que eu escrevo para jornais, quando eu escolho sobre o que quero falar. No poema eu não decido o que escrevo. Eu nem sequer decido escrever."

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     "É a súbita indagação que faz com que, de repente, algo não pareça estar explicado.  Até porque o mundo só está explicado para quem o olha nas suas aparências."

     ......................

     "Não acho fácil ou difícil escrever.  Escrever por anos e anos me deu um certo domínio da escrita, mas, sem o tema, sem o espanto, não adianta de nada saber.  Não posso escrever sobre o vazio.  Saber escrever, ter o domínio,  é necessário mas não é suficiente."   

 (FERREIRA GULLAR)


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Transcrito da reportagem Poesia que nasce do espanto
- de Diogo Guedes
(Caderno C / Jornal do Commercio,
Recife, PE, 12 de fevereiro de 2012)

sábado, 14 de abril de 2012

DISCURSO (fragmento), de Dimas Macedo




O poema é um rio que corre
e represa na nuvem
e despenca e se estraçalha
quando afunda no solo. 

Inútil remover a tragédia da vida 
quando ela se incrusta
do lado esquerdo do peito.
Do lado direito estão 
os resíduos do ócio e do tédio. 
No coração as espadas da angústia. 
Nas mãos a intranquilidade 
que se nutre de ânsias prematuras.  

Ah, o poema, a pátria,
a pérfida imperfeição que alucina.
A náusea. O tórax. A aurora.
O livro que repousa torto no teto,
aberto entre estacas de sol. 


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Transcrito da antologia
A POESIA CEARENSE NO SÉCULO XX
- Organização de Assis Brasil.
Imago Editora / FCF - Fundação Cultural de Fortaleza, 
Rio, RJ / Fortaleza, CE, 1996  

sábado, 17 de março de 2012

POESIA NO CORAÇÃO





     Você nem sabe mais como declamar uma poesia ? É bom voltar a se lembrar.  Um estudo feito por pesquisadores suiços e alemães mostrou que recitar um poema diminui o estresse e acalma o coração.  Os cientistas fizeram testes em voluntários orientados a declamar poesia e a conversar normalmente durante um período de tempo. Eles verificaram que, quando as pessoas recitavam os poemas, a frequência respiratória e os batimentos cardíacos diminuíam harmoniosamente, demonstrando que o nível de estresse havia caído."


(Transcrito da página "Viver Bem", Revista IstoÉ, outubro, 2002)

domingo, 4 de março de 2012

PENSAMENTO UNIVERSAL : A POESIA A SERVIÇO DE UM NOVO HUMANISMO




RABINDRANATH TAGORE (Índia)

"Cada um de nós é como um verso isolado em um poema, ele sente perfeitamente que rima com outro verso e, deve encontrá-lo, sob pena de nunca alcançar sua própria realização."



PABLO NERUDA (Chile)

"A poesia é sempre um ato de paz.  O poema nasce da paz como o pão nasce da farinha."



AIMÉ CÉSAIRE (Martinica)

"A revolução a se fazer na Martinica será em nome do pão, é claro, mas também em nome do amor  e da poesia."


(Da revista O CORREIO DA UNESCO
 - pag,. 53/;54, Abril/Junho, 2011)






quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

SER POETA, de Florbela Espanca





Ser poeta é ser mais alto, é ser maior 
Do que os homens ! Morder como quem beija !
É ser mendigo e dar como quem seja 
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor !

É ter de mil desejos o esplendor 
E não saber sequer que se deseja !
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor !

É ter fome, é ter sede de Infinito !
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito !

E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim 
E dizê-lo cantando a toda a gente !



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FLORBELA ESPANCA, poetisa portuguesa
(1894-1930)

sábado, 4 de fevereiro de 2012

A POESIA COMO MEIO DE SE ALCANÇAR A SABEDORIA, de Montez Magno




Nunca se considere um grande poeta
nem pense que escrever poesia
é uma porta aberta para o sucesso,
seja de que tipo for. 
Deixe o seu Ego trancado na gaveta
e abra o seu espírito para tudo,
livre-se das fórmulas e das formas
rígidas, da camisa de força 
das regras e das teorias cansadas.
Procure na sua respiração
o deus que precisa ser acordado
e com ele faça a sua trajetória
parecer uma antiga companheira,
aquela cuja visão é mais profunda
do que o Hades onde penetrou Orfeu. 


(Recife, 12-01-2003)


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Do livro inédito ENQUANTO RESPIRO,
de Montez Magno.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

ANTONIO SKARMETA : "A casa das palavras"




Os olhos de um poeta 
são a casa das coisas 


Os lábios de um poeta 
são a casa das palavras 




Antonio Skarmeta 
(Chile)

sábado, 7 de janeiro de 2012

O POEMA, de Marco Polo Guimarães





O poema não pede 
a palavra simples rima 
mas outras harmonias 

pede a força que permite 
percorrer a noite em seu reverso 

pede o punho forte, a espada limpa 
a cor do sangue 

e um mistério a decifrar 
no chão de ferro

o poema é um nervo exposto         



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Transcrito do livro OFICINA DO AVESSO,
de Marco Polo Guimarães
- Fundação de Cultura Cidade do Recife /
Secretaria de Cultura / Prefeitura do Recife, 2011.