Hermilo Borba Filho,
em sua residência, no Recife (PE).
Década de 1970
"O poeta é um ser que vive permanentemente em estado de sofrimento por si mesmo e pelo mundo que o rodeia. Quando o mundo atinge a sua zona mais alta de tortura, tanto no estado da lucidez como no das intuições (quase sempre mais válidas), o poeta se contorce como uma salamandra no fogo e canta tragicamente. Por ser mais agudo e perspicaz que as pessoas que o cercam vê tudo mais além, exacerbadamente, desejando o que não pode e fazendo o que segundo os bons costumes não deveria fazer.
(...)
Mas tenho cá comigo que devemos crer mesmo contra a esperança e é o que aconselharia ao poeta se me atrevesse a dar conselhos : olhar em volta mais acuradamente, com este olhar de gavião que os poetas têm mesmo quando se fingem de mortos, e ver que há coisas mais importantes para se cuidar além da própria dor, a começar pelo homem, indigente e desamparado."
("Jornal da Cidade", Recife, PE, 1975)
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HERMILO BORBA FILHO (Palmares, PE, 1917). Dramaturgo, diretor teatral, romancista, novelista, contista,professor universitário (UFPE). Romancista traduzido na Argentina e na França. Faleceu no Recife no ano de 1976. Em sua homenagem, a sua cidade natal criou a Fundação Casa da Cultura Hermilo Borba Filho (1983) e o Recife criou o Centro de Formação e Pesquisa das Artes Cênicas Apolo-Hermilo (1988).