sábado, 27 de fevereiro de 2016

ANTONIO GEDEÃO : "ESCREVO PARA ME VINGAR"





     "Poesia é uma forma de vingança. Escrevo para me vingar. Para me vingar da estupidez, da maldade, da ignorância, da fatuidade, da violência.  

     O poeta é um homem como outro qualquer, com a capacidade de fazer versos.

     Os meus poemas são mais elaborados enquanto caminho na rua. Quando estão prontos, escrevo-os, ou em pé ou sentado ou em qualquer sítio.  Não há portanto, ritual, nem na criação, nem na escrita.

     Magoa ouvir perguntar se a Poesia é uma atividade meramente lúdica. A Poesia é uma arma como uma bazuca, uma granada ou uma faca de cozinha."  



(Depoimento inédito do poeta Antonio Gedeão
 para o livro ENCONTRO COM A NOVA POESIA PORTUGUESA 
- organizado por Maria de Lourdes Hortas) 

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Transcrito da Revista POESIA  
 - Número 8,  Janeiro/Fevereiro 1981  - 
Nordestal Editora, Recife, PE

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

MÁRCIA MARACAJÁ : "O SILÊNCIO DA POESIA"





A poesia repousa no silêncio
Germina na angústia
E na balbúrdia dos sentidos
Brota do corpo-terra e ainda olho-d'água
Fortalece-se na fome das misérias gritantes
Embeleza-se com a nobreza das coisas
Que ignora vaidades  


A poesia não ocupa salas
Auditórios
Academias
É terra devoluta, usucapiada
Preenche almas
Empondera-se
Sem intenção
Por si só esclarece
Porque é de todo
Verdade e Essência


A poesia germina não se corrompe
Não se vende
Resiste a qualquer forma de escravidão
Chamam-lhe poema, literatura
Inventam nomes
Entretanto, como Deus,
Ela reside nos detalhes.  





(Transcrito do blog MÁRCIA MARACAJÁ  
- http://marciamaracaja.blogspot.com.br)