quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

MÁRCIA MARACAJÁ : "O SILÊNCIO DA POESIA"





A poesia repousa no silêncio
Germina na angústia
E na balbúrdia dos sentidos
Brota do corpo-terra e ainda olho-d'água
Fortalece-se na fome das misérias gritantes
Embeleza-se com a nobreza das coisas
Que ignora vaidades  


A poesia não ocupa salas
Auditórios
Academias
É terra devoluta, usucapiada
Preenche almas
Empondera-se
Sem intenção
Por si só esclarece
Porque é de todo
Verdade e Essência


A poesia germina não se corrompe
Não se vende
Resiste a qualquer forma de escravidão
Chamam-lhe poema, literatura
Inventam nomes
Entretanto, como Deus,
Ela reside nos detalhes.  





(Transcrito do blog MÁRCIA MARACAJÁ  
- http://marciamaracaja.blogspot.com.br) 



domingo, 3 de janeiro de 2016

ADMMAURO GOMMES : "O POETA É UM FUNDADOR DE MUNDOS"





     "O poeta é um fundador de mundos e está sempre dando respostas, como se alguém lhe pedisse explicação dos fatos da vida.  Não como realmente são, mas como deviam ser.  Por isso, o inventor não leva muito em conta os acontecimentos reais.  Prefere criar sua própria versão, fazendo do feio bonito, do triste contente e do maldito, bendito."




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Tramscrito do blog PROFESSOR DE LITERATURA
- http://professordeliteratura.blogspot.com.br  

domingo, 1 de novembro de 2015

LUCIAN BLAGA : "OS POETAS"









Não se espantem. Os poetas, todos os poetas  
são um único, indiviso, ininterrupto povo. 
Falando, são mudos. Pelas eras em que nascem e morrem, 
cantando, estão a serviço de uma fala perdida há muito. 
Profundamente, através de povos que surgem e desaparecem, 
pelo caminho do coração eles sempre vêm e passam.  
Por som e palavra eles se separam e competem entre si. 
São semelhantes pelo que não dizem. 
Eles calam como o orvalho. Como o sêmen. Como uma saudade. 
Como as águas eles silenciam, caminhando sob a seara, 
e depois sob o canto dos rouxinóis, 
fonte se fazem na clareira, fonte sonora.   



(Tradução de Luciano Maia /
Caderno Cultura - Diário do Nordeste
- Fortaleza, CE - Julho de 1966)





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LUCIAN BLAGA (Romênia,  1895 - 1961). 
Poeta, filósofo, ensaísta e dramaturgo. 
Traduzido em vários países da Europa.




sábado, 10 de outubro de 2015

RUBENS JARDIM : "A POESIA É UMA NECESSIDADE CONCRETA DE TODO SER HUMANO"





"A verdadeira poesia é uma viagem ao desconhecido. 
É caos e criação. Vida e morte. Verbo e substantivo. 
Espanto e descoberta. E mesmo que seja entendida 
como arma ou alma carregada de futuro, a poesia é 
a mais imponderável das criações do espírito humano. 
É fogo e fumaça. Grito e silêncio. Passatempo e sacramento. 
Solidão e intercâmbio. Caminho solitário 
que cruza com o caminho de todos. 
E todos nós percebemos, intuímos e sabemos que a poesia 
é um desafio à razão.  Talvez porque ela, poesia, 
seja efetivamente a única razão possível.  
É um paradoxo, é claro. Mas quando se trata de poesia 
é necessário estar aberto a um infindável número
 de questões complexas e absurdas.  
Afinal, como é que uma coisa que não serve para nada, 
ninguém paga aluguel com palavras e nem faz crediário 
com poemas, pode ser tão necessária e indispensável à vida humana ?" 

(RUBENS JARDIM)


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Transcrito do site RUBENS JARDIM
(http://www.rubensjardim.com) 

domingo, 12 de julho de 2015

ESCREVO PARA SER LIDO, de Juareiz Correya








ESCREVO PARA SER LIDO 


"(...) 
Escrevo porque a poesia é necessária  
E nada mais." 

Juareiz Correya  



sexta-feira, 17 de abril de 2015

DESTINO DE UM POEMA DE ARIADNE CAVALCANTE






Um poema chegou às mãos de Ariadne
sempre carinhosa com cada palavra
sempre doce amorosa com cada verso
como quem toca a carne humana.  


O poema acariciou a face da poetisa
chegou à sua boca como um beijo
com o seu ritmo forte sensual tropical.


O poema invadiu o seu corpo
e no coração aceso
com a ternura de quem não tem pressa
descobriu que o seu destino
era ser escrito
pela alma criadora de Ariadne.  


Juareiz Correya 

(Recife, 12 / fevereiro 2015) 




sexta-feira, 20 de março de 2015

SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN : "A POESIA PEDE-ME APENAS A INTEIREZA DO MEU SER"







     "A poesia não me pede propriamente uma especialização, pois a sua arte é a arte do ser. Também não é tempo ou trabalho o que a poesia me pede. Nem me pede uma ciência, nem uma estética, nem uma teoria. Pede-me apenas a inteireza do meu ser, uma consciência mais funda do que a minha inteligência, uma fidelidade, mais pura do que aquela que eu possa controlar. Pede-me uma intransigência sem lacuna. Pede-me que arranque de minha vida que se quebra, gasta, corrompe e dilui uma túnica sem costura.  Pede-me que viva atenta como uma antena, pede-me que viva sempre, que nunca durma, que nunca me esqueça. Pede-me uma obstinação sem tréguas, densa e compacta."  
(ArtePoética I) 





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Transcrito da publicação ALGUMAS POETISAS PORTUGUESAS
DO SÉCULO XX, de Maria de Lourdes Hortas
- 17o. Encontro de Professores de Literatura Portuguesa
(Belo Horizonte, MG, 1999)