Não se espantem. Os poetas, todos os poetas
são um único, indiviso, ininterrupto povo.
Falando, são mudos. Pelas eras em que nascem e morrem,
cantando, estão a serviço de uma fala perdida há muito.
Profundamente, através de povos que surgem e desaparecem,
pelo caminho do coração eles sempre vêm e passam.
Por som e palavra eles se separam e competem entre si.
São semelhantes pelo que não dizem.
Eles calam como o orvalho. Como o sêmen. Como uma saudade.
Como as águas eles silenciam, caminhando sob a seara,
e depois sob o canto dos rouxinóis,
fonte se fazem na clareira, fonte sonora.
(Tradução de Luciano Maia /
Caderno Cultura - Diário do Nordeste
- Fortaleza, CE - Julho de 1966)
_______________________________________________
LUCIAN BLAGA (Romênia, 1895 - 1961).
Poeta, filósofo, ensaísta e dramaturgo.
Traduzido em vários países da Europa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário