quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

MURILO MENDES : PROSA SOBRE POESIA





"A poesia habita um mundo, a prosa outro. 

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O sofrimento dos poetas, dos artistas e dos santos torna-se o estrume espiritual da humanidade.

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Raramente me lembro de que sou escritor; nunca me esqueço de que sou poeta. 

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Viver a poesia é muito mais necessário do que escrevê-la. 

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Quem não encontrar poesia no infinitamente pequeno jamais a encontrará no infinitamente grande. 

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A escola futura deverá ser a base poética. Senão, servirá à burocracia e à guerra. 

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O atraso dos outros homens impele cada vez mais o poeta para o futuro."    




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(Do livro TRANSISTOR - Antologia de Prosa
- Murilo Mendes 
(Editora Nova Fronteira, Rio de Janeiro, RJ, 1980 

sábado, 7 de dezembro de 2013

FERREIRA GULLAR : "MEU POVO, MEU POEMA"





Meu povo e meu poema crescem juntos
como cresce no fruto
a árvore nova

No povo meu poema vai nascendo
como no canavial
nasce verde o açúcar

No povo meu poema está maduro
como o sol
na garganta do futuro

Meu povo em meu poema
se reflete
como a espiga se funde em terra fértil

Ao povo seu poema aqui devolvo
menos como quem canta
do que planta



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Transcrito do livro POEMAS ESCOLHIDOS, 
de Ferreira Gullar  
- Coordenação e seleção de Walmir Ayala 
(Ediouro Publicações, Rio de Janeiro, RJ
-http://www.ediouro.com.br)  

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

ALBERTO DA CUNHA MELO : "A POESIA É UMA MONTANHA QUE SÓ FAZ CRESCER"





     "Todo grande poeta ama a sua língua natal e procura fazer dela a linguagem original da sua poesia. Ele é o guardião da beleza da língua que o ensinou a murmurar nos quartos escuros e decorar o que ia dizer à primeira namorada. Na mina de seu idioma, ele sabe encontrar a pepita mais brilhante, e sabe combinar estranhamente suas luzes no poema imortal. Mas, há também os poetas médios e pequeninos. Eles retiram o que podem daquela mina do idioma. A poesia é uma montanha que só faz crescer : os grandes poetas acrescentam-lhe um rochedo, os pequenos poetas nela depositam a sua pedrinha." 



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Transcrito da coluna MARCO ZERO
- Alberto da Cunha Melo /
Revista CONTINENTE Multicultural
- Número 74, Fevereiro 2007, Recife, PE -
Companhia Editora de Pernambuco - CEPE

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

LUIZ DE MIRANDA : "O POEMA É UM RIO DE IMAGENS"





     "O poema é um rio de imagens. 
       O poeta não é um prosador, 
       ele não conta, ele canta. 
       O meu verso tem uma cadência rítmica 
       de rimas internas e externas..." 




    (Em entrevista ao jornal ZERO HORA
      -http://zerohora.clicrbs.com.br)



domingo, 13 de outubro de 2013

TWITTER : DIÁLOGO SOBRE POESIA






O poeta paulista Edson Bueno de Camargo, de Mauá, Região do Grande ABC de São Paulo (SP), é autor dos livros DE LEMBRANÇAS E FÓRMULAS MÁGICAS, O MAPA DO ABISMO E OUTROS POEMAS e POEMAS DO SÉCULO PASSADO (1982-2000) e publica, desde abril de 2006, um excelente blog de poesia - AFAGAR OS PELOS DE UMA LAGARTA DE FOGO (http://umalagartadefogo.blogspot.com) na Internet.  No seu Tuite - http://twitter.com/camargoeb - divulga e comenta poetas, poemas e acontecimentos culturais da sua Mauá e da Região do Grande ABC paulista. Tuitou, ontem (19/agosto), este comentário :

"Está certo ele, ninguém leva poetas a sério mesmo. RT@katembeMoçambique : Poeta Patraquim lança-se na prosa."(@camargoeb)

Escrevi logo no meu tuite :
"@camargoeb : Poeta, prosa é criação menor, você sabe disso. Patraquim está só variando...  Toda prosa quer mesmo ser poesia." 

E completei :
"@camargoeb : Poeta, quem não leva poesia a sério não quer saber da verdade, despreza a palavra mais humana da existência." 

Instantaneamente ele escreveu :
"@camargoeb@juareizcorreya : Só estava destilando um pouco de amargura. Como já disse o Valter Franco: POESIA É TUDO, O RESTO É PROSA." (http://twitter.com/camargoeb)


Não resta dúvida : a Internet vai salvar a Poesia.


JUAREIZ CORREYA   
(Recife, PE) 



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Transcrito do blog JORNAL DO JUAREIZ (20/08/2010), 
publicado, até 2010, no IG. 



domingo, 25 de agosto de 2013

O POETA E A PALAVRA (fragmento), de Daniel Lima




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O poeta tortura-se.
A palavra é seu meio
é seu modo
é seu mundo.
É a matéria e a forma
de sua arte,
é a sua mãe, sua filha,
a palavra é seu rosto,
é o motivo maior do seu desejo.


A exata palavra
sugere mas não diz,
não dirá nunca.
A palavra se recolhe em teu silêncio.
E se a encontrares, despreza-a.
Seria verdadeira talvez
e assim destruiria
o teu possível poema.


Navega sempre os mares das palavras
mas sabe-as sempre incertas, imprecisas,
bem longe da palavra que procuras.


A exata palavra.
Não há palavra exata no poema.
Há beleza.
E a beleza é inexata e equívoca.




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Transcrito do livro POEMAS, de Daniel Lima 
- Companhia Editora de Pernambuco - CEPE / 
Secretaria da Casa Civil / Governo de Pernambuco,
Recife, PE, 2011. 

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

ANTONIO CAMPOS : "A POESIA ESTÁ EM TODA PARTE"





     "A história da arte poética está longe de formar um todo homogêneo e unânime.  Assim, acreditamos que a tarefa da poesia tem sido, através dos séculos, falar a verdade que habita em cada homem, em cada escritor, de uma forma atemporal que possibilite ao próprio homem se reconhecer em qualquer época. Ferreira Gullar nos diz : "Pretendo que a poesia  tenha a virtude de, em meio ao sofrimento e ao desamparo, acender uma luz qualquer, uma luz que não nos é dada, que não desce dos céus, mas que nasce das mãos e do espírito dos homens." 

     A poesia está em toda parte, no que se sente, no que se ouve, no que se vê, não só no que se escreve...  Ela aflora na música popular, nos textos de cronistas, no teatro, nos filmes, nas vidas.  Manuel Bandeira falava dos poetas bissextos, aqueles que só aparecem de quatro em quatro anos, como o 29 de fevereiro... Bandeira editou, inclusive, a sua Antologia dos Poetas Bissextos, com mais de 100 poemas escritos por engenheiros, médicos, padres, empresários, advogados, pessoas que ninguém imaginava fossem poetas."  (ANTONIO CAMPOS) 



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Fragmento do texto "Pernambuco, Terra da Poesia",
apresentação da antologia PERNAMBUCO, TERRA DA POESIA,
 organização de Antonio Campos e Cláudia Cordeiro 
- Instituto Maximiano Campos (IMC) / 
Escrituras Editora -  Recife (PE) / São Paulo (SP), 2005