terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

MARCELO MÁRIO DE MELO : "A LINGUAGEM POÉTICA"





     "Em lugar da escrita instrumental, objetiva e bem comportada, o poeta coloca a criatividade em primeiro plano e, se for necessário, transgride as regras e as limitações ditadas pela gramática, as convenções, os preconceitos ideológicos e linguísticos, a opinião pública, a moralidade e os jogos de interesses.  
     O poeta não segue uma pauta exterior, um esquema restrito como o que estudamos na linguagem instrumental e puramente comunicativa. Ele trabalha a palavra antenada com o mundo interior, a vida social e o cosmos, abrindo a sua sensibilidade para pensamentos, sensações, sentimentos, lembranças e visões.  A sua matéria prima são ideias, associações de palavras, imagens, ritmos, sonoridades, vibrações.  Com isto ele constrói o seu texto e o seu diferencial. Aí se resume a chamada liberdade poética."  (MARCELO MÁRIO DE MELO)




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(Trecho do artigo "A Linguagem Poética" 
  - Folha de Pernambuco / Opinião, página 8 
 - Recife, PE,  11 de novembro de 2014)

sábado, 3 de janeiro de 2015

NELSON ASCHER : "14 VERSOS"





Não zombes, crítico, da forma
que, além de poetas como Dante,
Quevedo ou Mallarmé durante
os séculos quando era a norma,


Púchkin, narrando com maestria
um duelo em seu Ievguêni Oniéguin
(num duelo desses morreria),
usou como outros não conseguem.


Sem rejeitar a própria era,
Drummond e Rilke, todavia,
levaram o soneto a extremos


de perfeição e, em sua cegueira,
Borges também, conforme via
mais do que nós, que vemos, vemos.



(Transcrito da seção POEMA / Caderno Programa - 
Folha de Pernambuco, Recife, novembro/ 2012)


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NELSON ASCHER nasceu em São Paulo (SP) 
no ano de 1958. Poeta, crítico, editor, tradutor.  
Traduziu os poetas T.S. Ellliot (EUA) e 
Herberto Padilla (Cuba).  Prêmio Portugal Telecom, 
em 2006, com o livro de poesia "Parte Alguma". 

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

EM NOME DA POESIA : PABLO NERUDA, AIMÉ CÉSAIRE, RABINDRANATH TAGORE





PABLO NERUDA (CHILE)

"A poesia é sempre um ato de paz.  
 O poema nasce da paz como o pão nasce da farinha." 



AIMÉ CÉSAIRE (MARTINICA)

"A revolução a se fazer na Martinica será em nome do pão, 
é claro, mas também em nome do ar e da poesia."     



RABRINDRANATH TAGORE

"Cada um de nós é como um verso isolado em um poema, 
ele sente perfeitamente que rima com outro verso 
e, deve encontrá-lo, 
sob pena de nunca alcançar sua própria realização."      




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Depoimentos publicados na Revista O CORREIO DA UNESCO
- Abril / Junho, 2011 (páginas 53 e 54)



sábado, 22 de novembro de 2014

MARIA DE LOURDES HORTAS : "LEGADO"



(RELEITURAS II)


Para amanhã e depois, mais tarde
àqueles que ainda gostam de chuva


para habitar enigmas
labirintos e prodígios


para ouvir
o silêncio de Deus


para não me perder de mim :
escrevo



(in "Fonte de Pássaros", 1999) 


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Transcrito do blog  
POESIA DE MARIA DE LOURDES HORTAS 
- http://mariadelourdeshortas.blogspot.com.br    






sábado, 1 de novembro de 2014

ANIVERSÁRIO, de Teresinka Pereira





Já passaram muitas
primaveras
com suas ameaças
de alergia...
As ilusões também passaram
com promessas impossíveis...
Entretanto, ainda escrevo
e cada palavra parece
tão nova como a primavera.
Amanhã começa
uma nova estação.  






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TERESINKA PEREIRA nasceu no Rio de Janeiro, Brasil, 
e vive em Ohio, Estados Unidos.  É presidente da IWA (Associação
 Internacional de Escritores e Artistas - Toledo, Ohio, EUA). 

sábado, 23 de agosto de 2014

O POEMA, de Mário Quintana





Um poema como um gole d'água bebido no escuro.
Como um pobre animal palpitando ferido.
Como pequenina moeda de prata perdida
                                       para sempre na floresta noturna.
Um poema sem outra angústia que a sua misteriosa
                                                             condição de poema.
Triste.
Solitário.
Único.
Ferido de mortal beleza.  



(Do livro
 OS MELHORES POEMAS DE  MÁRIO QUINTANA) 



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Transcrito do blog DOMINGO COM POESIA  
(http://www.domingocompoesia.com.br) 

                           

quarta-feira, 23 de julho de 2014

PIER PAOLO PASOLINI : "AO PRÍNCIPE"







Se regressa o sol, se cai a tarde,
se a noite tem um sabor de noites futuras,
se um cochilo de chuva parece regressar
de tempos muito amados e jamais possuídos,
já não encontro felicidade nem no gozar nem no sofrer por isso :
já não sinto diante de mim toda a vida...
Para ser poeta há de ter muito tempo :
horas e horas de solidão são o único modo
para que se forme algo, que é força, abandono,
vício, liberdade, para dar elegância ao caos.
Eu, agora, tenho pouco tempo por culpa da morte
que vem logo, no anoitecer da juventude.  
Mas por culpa também desse nosso mundo humano
que tira o pão dos pobres, e dos poetas a paz.  




(Tradução de LUCAS LUCENA ROCHA, 
Recife, PE, 2014) 


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Colaboração de NENA MEIER
(Garanhuns, PE)