sábado, 14 de abril de 2012

DISCURSO (fragmento), de Dimas Macedo




O poema é um rio que corre
e represa na nuvem
e despenca e se estraçalha
quando afunda no solo. 

Inútil remover a tragédia da vida 
quando ela se incrusta
do lado esquerdo do peito.
Do lado direito estão 
os resíduos do ócio e do tédio. 
No coração as espadas da angústia. 
Nas mãos a intranquilidade 
que se nutre de ânsias prematuras.  

Ah, o poema, a pátria,
a pérfida imperfeição que alucina.
A náusea. O tórax. A aurora.
O livro que repousa torto no teto,
aberto entre estacas de sol. 


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Transcrito da antologia
A POESIA CEARENSE NO SÉCULO XX
- Organização de Assis Brasil.
Imago Editora / FCF - Fundação Cultural de Fortaleza, 
Rio, RJ / Fortaleza, CE, 1996  

sábado, 17 de março de 2012

POESIA NO CORAÇÃO





     Você nem sabe mais como declamar uma poesia ? É bom voltar a se lembrar.  Um estudo feito por pesquisadores suiços e alemães mostrou que recitar um poema diminui o estresse e acalma o coração.  Os cientistas fizeram testes em voluntários orientados a declamar poesia e a conversar normalmente durante um período de tempo. Eles verificaram que, quando as pessoas recitavam os poemas, a frequência respiratória e os batimentos cardíacos diminuíam harmoniosamente, demonstrando que o nível de estresse havia caído."


(Transcrito da página "Viver Bem", Revista IstoÉ, outubro, 2002)

domingo, 4 de março de 2012

PENSAMENTO UNIVERSAL : A POESIA A SERVIÇO DE UM NOVO HUMANISMO




RABINDRANATH TAGORE (Índia)

"Cada um de nós é como um verso isolado em um poema, ele sente perfeitamente que rima com outro verso e, deve encontrá-lo, sob pena de nunca alcançar sua própria realização."



PABLO NERUDA (Chile)

"A poesia é sempre um ato de paz.  O poema nasce da paz como o pão nasce da farinha."



AIMÉ CÉSAIRE (Martinica)

"A revolução a se fazer na Martinica será em nome do pão, é claro, mas também em nome do amor  e da poesia."


(Da revista O CORREIO DA UNESCO
 - pag,. 53/;54, Abril/Junho, 2011)






quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

SER POETA, de Florbela Espanca





Ser poeta é ser mais alto, é ser maior 
Do que os homens ! Morder como quem beija !
É ser mendigo e dar como quem seja 
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor !

É ter de mil desejos o esplendor 
E não saber sequer que se deseja !
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor !

É ter fome, é ter sede de Infinito !
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito !

E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim 
E dizê-lo cantando a toda a gente !



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FLORBELA ESPANCA, poetisa portuguesa
(1894-1930)

sábado, 4 de fevereiro de 2012

A POESIA COMO MEIO DE SE ALCANÇAR A SABEDORIA, de Montez Magno




Nunca se considere um grande poeta
nem pense que escrever poesia
é uma porta aberta para o sucesso,
seja de que tipo for. 
Deixe o seu Ego trancado na gaveta
e abra o seu espírito para tudo,
livre-se das fórmulas e das formas
rígidas, da camisa de força 
das regras e das teorias cansadas.
Procure na sua respiração
o deus que precisa ser acordado
e com ele faça a sua trajetória
parecer uma antiga companheira,
aquela cuja visão é mais profunda
do que o Hades onde penetrou Orfeu. 


(Recife, 12-01-2003)


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Do livro inédito ENQUANTO RESPIRO,
de Montez Magno.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

ANTONIO SKARMETA : "A casa das palavras"




Os olhos de um poeta 
são a casa das coisas 


Os lábios de um poeta 
são a casa das palavras 




Antonio Skarmeta 
(Chile)

sábado, 7 de janeiro de 2012

O POEMA, de Marco Polo Guimarães





O poema não pede 
a palavra simples rima 
mas outras harmonias 

pede a força que permite 
percorrer a noite em seu reverso 

pede o punho forte, a espada limpa 
a cor do sangue 

e um mistério a decifrar 
no chão de ferro

o poema é um nervo exposto         



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Transcrito do livro OFICINA DO AVESSO,
de Marco Polo Guimarães
- Fundação de Cultura Cidade do Recife /
Secretaria de Cultura / Prefeitura do Recife, 2011.