sexta-feira, 5 de agosto de 2011

LIÇÃO DA POESIA, de Juareiz Correya





Aprendi com os poetas que a Poesia 
não é a Língua
dos gramáticos 
dos doutores 
dos juízes
dos políticos 
dos comandantes 
dos governantes
dos presidentes
das Gramáticas Redações Tratados Leis e Constituições.    


Aprendi com os poetas que a Poesia 
é a Linguagem dos párias e excluídos 
das putas dos malditos e dos condenados 
dos injustiçados e dos sacrificados 
dos suicidas e dos inventores 
dos santos e dos dementes 
do Amor e da Alegria
do Sangue e do Coração 
do Espírito e da Luz.    



(Olinda, junho / 2005)


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Do livro inédito POEMAS DO NOVO SÉCULO

quarta-feira, 27 de julho de 2011

CRIADOR E CRIATURA, de Juareiz Correya




para Roberta Malta.


o poema tem corpo e alma
cidadania e identidade 
(embora seja de outro mundo)
uma voz de pronúncia certa 
palavras exatas sem medida 
a verdade no coração 
ardendo o seu sangue 
e o olhar de um instante 
eternizando os séculos 
sabe o que diz por sentir 
que o amor não é uma ciência 
e a vida é só passagem 
da humanidade para a luz.   



(do livro inédito
 POEMAS DO NOVO SÉCULO)

domingo, 17 de julho de 2011

HERMILO BORBA FILHO : "O poeta vive em estado de sofrimento por si mesmo e pelo mundo que o rodeia"

     "O poeta é um ser que vive permanentemente em estado de sofrimento por si mesmo e pelo mundo que o rodeia. Quando o mundo atinge a sua zona mais alta de tortura, tanto no estado da lucidez como no das intuições (quase sempre mais válidas), o poeta se contorce como uma salamandra no fogo e canta tragicamente.  Por ser mais agudo e perspicaz que as pessoas que o cercam vê tudo mais além, exacerbadamente, desejando o que pode e fazendo o que segundo os bons costumes não deveria fazer."
(HERMILO BORBA FILHO)


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JORNAL DA CIDADE, Recife, PE, 1975.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

O POEMA, de Moacyr Félix

Ou se vive por inteiro
ou pela metade a gente 
escreve a vida 
                      que não viveu.   

E o papel em branco então serve
como serve ao prisioneiro
a parede branca do cárcere.   

O que não foi é o ser que é 
no poema, esse ato mágico 
de uma chama que não se vê
tanto mais quanto ela queima 
no ar de uma cela vazia
o homem que é posto em pé 
sobre os mortos do seu dia.  



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Transcrito da antologia  SINGULAR PLURAL,
de Moacyr Félix
- Editora Record, Rio de Janeiro, RJ, 1998.

sábado, 25 de junho de 2011

RUBENS JARDIM : "A poesia é uma necessidade concreta de todo ser humano"




     "A verdadeira poesia é uma viagem ao desconhecido. É caos e criação. Vida e morte. Verbo e substantivo. Espanto e descoberta. E mesmo que seja entendida como arma ou alma carregada de futuro, a a poesia é a mais imponderável das criações do espírito humano. É fogo e fumaça. Grito e silêncio. Passatempo e sacramento. Solidão e intercâmbio.  Caminho solitário que cruza com o caminho de todos. E todos nós percebemos, intuímos e sabemos que a poesia é um desafio à razão.  Talvez porque ela, poesia, seja efetivamente a única razão possível. É um paradoxo, é claro. Mas quando se trata de poesia é necessário estar aberto a um infindável número de questões complexas e absurdas. Afinal, como é que uma coisa que não serve para nada, ninguém paga aluguel com palavras e nem faz crediário com poemas, pode ser tão necessária e indispensável à vida humana ?"  (RUBENS JARDIM)


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Transcrito do site RUBENS JARDIM 
- http://www.rubensjardim.com/



segunda-feira, 23 de maio de 2011

"SÓ O POETA É QUEM A TUDO REINTEGRA" - Rainer Maria Rilke




Só o poeta é quem a tudo reintegra
Do que em cada um se desintegra.
Estranha beleza é dele autenticada,
Mesmo a tortura sua é celebrada
E as ruínas são de tal limpeza tranquila
Que a regra surge do que ele aniquila.

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Que fazes tu, poeta ? Diz - Eu canto.
Mas o mortal e mostruoso espectro
Como o suportas, como aceitas ? - Canto.
E que nome não tem, tu podes tanto
Que o possa nomear, poeta ? - Canto.
De onde te vem direito ao vero, enquanto
Usas de máscaras, roupagens ? - Canto.
E o que é violento e o que é silente encanto,
Astros e temporais, como te sabem ? - Canto.

(ÁUSTRIA)


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Da antologia POESIA DO SÉCULO  20,
organizada por Jorge de Sena
- Editorial Inova, Porto-Portugal, 1974.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

PROFANO, QUASE PROFETA - Natanael Lima Jr.





profano
insano
marginal
hominal
visceral
atemporal
cômico
crônico
acrônico
anacrônico
poeta
profeta  




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NATANAEL LIMA JR. é membro da ACL
- Academia Cabense de Letras (Cabo, PE) /
Poema transcrito do BLOG DE ANTONINO
(http://antoninojr.blogspot.com/)