sexta-feira, 8 de julho de 2011

O POEMA, de Moacyr Félix

Ou se vive por inteiro
ou pela metade a gente 
escreve a vida 
                      que não viveu.   

E o papel em branco então serve
como serve ao prisioneiro
a parede branca do cárcere.   

O que não foi é o ser que é 
no poema, esse ato mágico 
de uma chama que não se vê
tanto mais quanto ela queima 
no ar de uma cela vazia
o homem que é posto em pé 
sobre os mortos do seu dia.  



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Transcrito da antologia  SINGULAR PLURAL,
de Moacyr Félix
- Editora Record, Rio de Janeiro, RJ, 1998.

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