domingo, 27 de novembro de 2011

BIOGRAFIA, de Antonio Carlos Secchin




O poema vai nascendo 
num passo que desafia :
numa hora eu já o levo,
outra vez ele me guia.

O poema vai nascendo,
mas seu corpo é prematuro,
letra lenta que incendeia 
com a carícia de um murro.

O poema vai nascendo 
sem mão ou mãe que o sustente,
e perverso me contradiz 
insuportavelmente.

Jorro que engole e segura 
o pedaço duro do grito,
o poema vai nascendo, 
pombo de pluma e granito.  



(do livro DIGA-SE DE PASSAGEM,
Rio de Janeiro, RJ, 1988)



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Transcrito da antologia  A POESIA FLUMINENSE 
NO SÉCULO XX, organização de Assis Brasil
- Imago Editora, Rio, RJ /
Fundação Biblioteca Nacional, Rio, RJ/
Universidade de Mogi das Cruzes, SP.

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