"Na história da poesia, as invenções que surgem ao dia claro nem sempre ostentam ou apregoam as suas longas gestações, apresentando-se habitualmente como frutos surpreendentes dos instantes e temperamentos. Tais descobertas quase sempre restauram e retomam técnicas abandonadas e antigas proscrições, sustentando o movimento pendular da poesia, sempre oscilante entre o rigor e o excesso. Mas no largo território onde as epigonias surgem desenvoltas como cogumelos ou estações repetidoras, as famílias espirituais estão longe de exibir suas cartas nítidas de procedência. Corre-lhes nas veias um sangue misturado e confundido, e sempre será difícil para a crítica mais atilada ou ambiciosa discernir entre o construtivismo mais acirrado e o mais escancarado movimento de libertação do poeta que, sacudindo o jugo das injunções escolares ou geracionais, abre ou, de repente, encontra abertas as portas do seu cativeiro, e avança soberanamente com a sua exaltação pessoal.
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(...) o reino da poesia é o reino de uma razão que está além da razão : no domínio privilegiado da imaginação acesa e iluminadora."
LÊDO IVO
(Apresentação de "Fogo Úmido",
de Carlos Nejar - ABL, Rio de Janeiro, 1994)
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