Edson Régis, poeta
e jornalista pernambucano
I
Não terei a pressa
que aniquila o verso.
Na manhã presente
a flor talvez não seja
como anunciaram.
Esta é a palavra
de límpida fonte,
precisa como o sábado,
nítida e leve
como pura lágrima,
lenta, rolando
pela face :
liga teu verso
a ti mesmo
que ao céu noturno
será mais puro,
embora um mistério.
II
Agora que é noite
e resta apenas uma estrada
o silêncio é cultivado
até a aurora.
Na fria areia
o primitivo gesto
do poeta dorme.
Asas lhe faltam,
à terra está preso.
Noite de ferro
pesa nos seus braços.
O poeta entrega-se
aos seus hábitos
e prepara uma fuga
- um novo reino
entre a vida e a morte.
(Transcrito da antologia
PERNAMBUCO, TERRA DA POESIA
- organizada por Antonio Campos
e Cláudia Cordeiro)
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EDSON RÉGIS DE CARVALHO - Nasceu em Timbaúba - PE,
no ano de 1923. Bacharel em Direito, poeta e jornalista especializado
na crônica política. Dirigiu a revista Região e organizou, em João
Pessoa - PB, "O Correio das Artes" suplemento literário do jornal
A União (biênio 1949 - 1950). Publicou, nesse período, a Antologia
dos Novos, com orientação de Ferreira de Holanda. Publicou o livro
de poesia O Deserto e os Números (1949).
Faleceu no Recife, aos 43 anos de idade (25 de julho de 1966),
vítima de um atentado a bomba, no Aeroporto dos Guararapes,
quando, por indicação do governador Paulo Guerra, foi recepcionar
o então Presidente da República, General Costa e Silva.
Em 1971, a Imprensa Universitária da UFPE
publicou a edição póstuma de As Condições Ambientes,
incluindo a reedição do seu primeiro livro.
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