EU (capa),
de Augusto dos Anjos
(Rio de Janeiro, RJ,
1912)
Toma as espadas rútilas, guerreiro,
E à rutilância das espadas, toma,
A adaga de aço, o gládio de aço, e doma
Meu coração - estranho carniceiro.
Não podes ?! Chama então presto o primeiro
E o mais possante gladiador de Roma
E qual mais pronto, e qual mais presto assoma,
Nenhum pôde domar o prisioneiro.
Meu coração triunfava nas arenas.
Veio depois um domador de hienas
E outro mais, e, por fim, veio um atleta.
Vieram todos por fim, uns cem,
E não pôde domá-lo, enfim, ninguém,
Que ninguém doma um coração de poeta !
(Engenho Pau d'Arco, Sapé - PB, 1902)
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AUGUSTO DOS ANJOS nasceu no Engenho Pau d'Arco,
Sapé ( PB) , em abril de 1884. Estudou no Liceu Paraibano
e na Faculdade de Direito do Recife, de 1903 a 1907.
Formado em Direito, retornou para João Pessoa (PB),
e lecionou Literatura Brasileira em aulas particulares.
Professor do Liceu Paraibano, com 24 anos de idade,
muda-se para o Rio de Janeiro (RJ) em 2010. No ano
seguinte é nomeado professor - Geografia - no Colégio
Pedro II.
Publicou vários poemas em jornais e revistas da época.
Em 1912 publicou seu único livro - EU -, mal recebido
pela crítica e escritores contemporâneos.
O poeta faleceu em Leopoldina (MG), acometido de uma
pneumonia, em 1914, aos 30 anos de idade.
O seu único livro publicado já se multiplicou em
mais de 40 edições brasileiras.
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