Poesia,
eu te amo assim mesmo
como tu és :
pobretona,
sem senso prático,
delirantemente sediciosa,
obsessiva artesã de simbolismo
ou trocando palavras
por abismos incomunicáveis.
E essa irresistível atração
por anátemas,
eu te perdoo, meu bem.
Depravada ou franciscana,
eu sei driblar teus excessos.
Eu te adoro.
Serei sempre teu,
minha deusa angustiada,
minha neguinha volúvel,
minha assanhada
escafandrista
do desconhecido.
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Do livro MARGINAL RECIFE - Coletânea Poética I
Prefeitura do Recife / Secretaria de Cultura /
Fundação de Cultura Cidade do Recife.
Organizadores : Cida Pedrosa, Miró, Valmir Jordão
- Recife, PE, 2002.
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