O poema é um rio que corre
e represa na nuvem
e despenca e se estraçalha
quando afunda no solo.
Inútil remover a tragédia da vida
quando ela se incrusta
do lado esquerdo do peito.
Do lado direito estão
os resíduos do ócio e do tédio.
No coração as espadas da angústia.
Nas mãos a intranquilidade
que se nutre de ânsias prematuras.
Ah, o poema, a pátria,
a pérfida imperfeição que alucina.
A náusea. O tórax. A aurora.
O livro que repousa torto no teto,
aberto entre estacas de sol.
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Transcrito da antologia
A POESIA CEARENSE NO SÉCULO XX
- Organização de Assis Brasil.
Imago Editora / FCF - Fundação Cultural de Fortaleza,
Rio, RJ / Fortaleza, CE, 1996
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