Que o verso seja como chave
que abre mil portas.
Uma folha cai, algo passa voando;
quando os olhos fitam criado seja,
e a alma do ouvinte fique palpitando.
Inventa novos mundos, cuida da palavra;
o adjetivo quando não dá vida, mata.
Estamos no céu dos nervos.
O músculo pende,
como recordação, nos museus;
mas nem por isso temos menos força :
o vigor verdadeiro
reside na cabeça.
Por que cantais a rosa, poetas ?
fazei-a florir no poema.
Só para nós
vivem sob o sol as coisas todas.
O poeta é um pequeno Deus.
(Chile, 1893 - 1948)
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Transcrito da antologia POESIA DO SÉCULO XX,
organização e tradução de Jorge de Sena
- Editorial Inova, Porto, Portugal, 1975
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