BORIS PASTERNAK
(Primeiro Congresso de Escritores
Soviéticos, Moscou, Rússia, 1934)
Um risco maduro de assobio.
O trincar do gelo comprimido.
A noite, a folha sob o granizo.
Rouxinóis num dueto desafio.
Um doce ervilhal abandonado
A dor do universo numa fava.
Fígaro : das estantes e flautas -
Geada no canteiro, tombado.
Tudo o que para a noite releva
Nas funduras da casa de banho,
Trazer para o jardim uma estrela
Nas palmas úmidas, tiritando.
Mormaço : como pranchas na água,
Mais raso. Céu de bétulas, turvo.
Se dirá que as estrelas gargalham,
E no entanto o universo está surdo.
(Transcrito do blog A PLANÍCIE ENTRE MUNDOS
- http://aplanicie.wordpress.com -,
do escritor Paulo Victor Rechia Gomes da Silva)
________________________________________________________
BORIS PASTERNAK nasceu em Moscou (fevereiro, 1890)
e faleceu em Peredelkino (maio, 1960). Estudou Filosofia
na Alemanha e retornou a Moscou em 1914, ano em que
publicou o seu primeiro livro de poesia ("Gêmeo nas Nuvens").
Publicou ainda 8 livros de poesia e 8 livros de ficção,
incluindo o seu famoso romance "Doutor Jivago"
(Itália, 1958). Ganhou o Prêmio Nobel de Literatura -
Ano 1958 e foi impedido, pelo Governo da União
Soviética, de receber o prêmio, sendo obrigado a devolver
a honraria. Falecido no ano de 1960, o escritor não pôde
ver o seu livro "Doutor Jivago" se tornar um sucesso
mundial no cinema (1965). E também a sua liberação
na Rússia, somente em 1989, quase 30 anos após a sua morte.
Nenhum comentário:
Postar um comentário