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O poeta tortura-se.
A palavra é seu meio
é seu modo
é seu mundo.
É a matéria e a forma
de sua arte,
é a sua mãe, sua filha,
a palavra é seu rosto,
é o motivo maior do seu desejo.
A exata palavra
sugere mas não diz,
não dirá nunca.
A palavra se recolhe em teu silêncio.
E se a encontrares, despreza-a.
Seria verdadeira talvez
e assim destruiria
o teu possível poema.
Navega sempre os mares das palavras
mas sabe-as sempre incertas, imprecisas,
bem longe da palavra que procuras.
A exata palavra.
Não há palavra exata no poema.
Há beleza.
E a beleza é inexata e equívoca.
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Transcrito do livro POEMAS, de Daniel Lima
- Companhia Editora de Pernambuco - CEPE /
Secretaria da Casa Civil / Governo de Pernambuco,
Recife, PE, 2011.
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