Os poetas não são santos
e não fazem milagres em suas cidades.
Escrevem porque não sabem fazer outra coisa
fabricar um navio um avião
plantar uma árvore
parir um filho
escrevem porque é necessário para as suas vidas
e para ninguém mais
e sem escrever os poetas não respiram
- um bocado de barro que não anda
um animal que não sonha e não procria.
Os poetas escrevem
porque os homens precisam das suas palavras
e são tão necessitados de poesia
(como o sopro inicial da criação)
que não sabem sequer pronunciar seu nome.
Assim os homens e as mulheres e as cidades
não sabem quem são os poetas quando eles nascem
e passarão todos os séculos para que saibam um dia
que a poesia nasceu
quando a humanidade nascia.
(Santo Amaro, Recife /
14 de novembro 2012)
Nenhum comentário:
Postar um comentário