O poema vai nascendo
num passo que desafia :
numa hora eu já o levo,
outra vez ele me guia.
O poema vai nascendo,
mas seu corpo é prematuro,
letra lenta que incendeia
com a carícia de um murro.
O poema vai nascendo
sem mão ou mãe que o sustente,
e perverso me contradiz
insuportavelmente.
Jorro que engole e segura
o pedaço duro do grito,
o poema vai nascendo,
pombo de pluma e granito.
(do livro DIGA-SE DE PASSAGEM,
Rio de Janeiro, RJ, 1988)
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Transcrito da antologia A POESIA FLUMINENSE
NO SÉCULO XX, organização de Assis Brasil
- Imago Editora, Rio, RJ /
Fundação Biblioteca Nacional, Rio, RJ/
Universidade de Mogi das Cruzes, SP.
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