"Como poeta ativo compati o meu próprio ensimesmamento. Por isso o debate entre o real e o subjetivo foi determinado dentro do meu próprio ser. Minhas experiências podem ajudar, sem pretensões de aconselhar ninguém. Vejamos à primeira vista os resultados.
É natural que minha poesia esteja submetida ao juízo, tanto da crítica elevada como exposta à paixão do libelo. Isto faz parte das regras do jogo. Sobre esse ponto de discussão não tenho o que dizer mas tenho argumento. Para a crítica especializada, meu argumento são meus livros, minha poesia inteira. Para o libelo incompatível tenho também o direito de argumentar com a minha própria e constante criação.
Se o que digo parece vaidoso vocês teriam razão. Em meu caso, trata-se da vaidade do artesão que exercitou um ofício por longos anos com amor indelével.
Mas de uma coisa estou satisfeito : de uma forma ou de outra fiz respeitar, pelo menos em minha pátria, o ofício do poeta, a profissão da poesia."
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Transcrito do livro de memórias CONFESSO QUE VIVI,
de Pablo Neruda / Tradução de Olga Savary
- DIFEL Difusão Editorial S.A.,
São Paulo / Rio de Janeiro, 1979
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