M A L A
Espécie de mala
a alma
do poeta
porão onde se guarda
tudo o que serve
para a poesia :
cartas por enviar
labirintos de intenções
partituras inacabas
vertigens inominadas
catedrais de silêncio
mapas indecifrados
medos, lápides
eclipses, horizontes
icebergues, vulcões
sonatas de chuva
retratos em sépia
arquivo de auroras
e crepúsculos
maravilhas de instantes
tempo avulso
que se escoa e nos leva
na voragem da ciranda.
O que guardo na alma
abro na poesia :
nela interrogo a vida
dia após dia.
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(do livro RUMOR DE VENTO,
Maria de Lourdes Hortas,
Panamérica Nordestal Editora,
Recife, 2009)
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